Ansiedade de Setembro: Como Preparar as Crianças (e os Pais) para o Regresso às Aulas

Patricia Sofia • 22 de agosto de 2025

Dicas práticas e soluções naturais para transformar a ansiedade de separação numa transição tranquila e feliz para toda a família.

Setembro paira no horizonte, trazendo consigo uma tapeçaria de sentimentos: a alegria dos reencontros, a expectativa de novas aprendizagens, mas também, para muitos, um certo aperto no peito. É a chamada "ansiedade de setembro", um fenómeno que afeta tanto crianças como pais. Como podemos, então, dançar com este turbilhão de emoções, transformando a apreensão em confiança?



Este artigo propõe uma viagem exploratória ao âmago desta ansiedade. Desmistificá-la-emos, procurando entender as suas origens e manifestações. Mais do que isso, munir-nos-emos de um leque diversificado de estratégias, desde o apoio emocional quotidiano até às suaves nuances da homeopatia e dos florais de Bach, para que o regresso às aulas seja sinónimo de serenidade e crescimento para toda a família.


1. A Verdade por Trás da Ansiedade de Regresso às Aulas: O Que Sentem e Porquê?


É crucial começar por reconhecer uma verdade fundamental: ninguém está sozinho nesta jornada. A "ansiedade de setembro" é uma companheira frequente, tanto de crianças como de adultos. Mas como se manifesta esta ansiedade? E quais são as suas raízes?


Os Sinais que o Seu Filho Pode Estar a Dar:


Os sinais são diversos e nem sempre evidentes. Podem manifestar-se através de:


  • Comportamentos de Evitamento: A clássica recusa em ir à escola, as birras matinais, a súbita descoberta de "dores de barriga" ou "dores de cabeça" misteriosas, o isolamento repentino, o choro fácil e a agitação constante.
  • O Corpo Fala: Perturbações no sono, como dificuldade em adormecer (principalmente aos domingos!) ou pesadelos recorrentes. Sintomas físicos como náuseas, tonturas, tensão muscular e alterações no apetite (falta de apetite ou compulsão alimentar).
  • Montanha Russa de Emoções: Irritabilidade exacerbada, procura incessante por atenção, preocupações desmedidas, momentos de tristeza profunda e dificuldade em manter o foco.


As Razões Escondidas Por Trás do Medo:


Para além dos sinais, importa desvendar as causas subjacentes a esta ansiedade:

  • O "Adeus" à Mamã e ao Papá (Ansiedade de Separação): Um receio ancestral, particularmente comum em crianças mais novas, intensificado após um período de férias prolongado em família. É o medo da solidão, o receio de que algo possa acontecer aos pais na sua ausência. Este medo de separação, como demonstram os estudos, é um pico comum entre os 6 e os 12 meses de idade.
  • O Salto para o Desconhecido: A mudança de escola, a transição para um novo ciclo de ensino (o fim da creche, o início do 1º ciclo), a adaptação a novos professores e colegas – tudo isto pode gerar apreensão e insegurança.
  • As Pressões Invisíveis: O medo de não ser aceite pelos colegas, a preocupação com a imagem social, o receio do bullying (experienciado no passado ou antecipado no futuro) e a pressão constante para obter boas notas.
  • O Eco da Pandemia: A incerteza, as novas rotinas impostas (uso de máscaras, distanciamento social) e o impacto nas interações sociais ainda ecoam na mente das crianças, contribuindo para a ansiedade.

2. Viagem no Tempo: A História da Ansiedade na Escola


Para compreendermos a complexidade da ansiedade escolar, é útil traçar um breve percurso histórico.


  • A Ansiedade de Separação: Um Instinto Antigo: O medo da separação não é uma invenção moderna. É um instinto enraizado na nossa história evolutiva, fundamental para a sobrevivência. O Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS), como entidade clínica, só foi formalmente reconhecido em 1980, mas o fenómeno em si é tão antigo quanto a própria humanidade.
  • Ansiedade Escolar: De "Fragilidade" a Fenómeno Global: A história da ansiedade escolar é longa e sinuosa.
  • Em textos medievais, já se encontravam referências à "timidez" e à "recusa escolar", frequentemente vistas como traços de temperamento.
  • No século XIX, a psiquiatria infantil começou a dar maior atenção ao tema, associando-o a características individuais.
  • O século XX assistiu à proliferação de testes padronizados (como o SAT, criado em 1926), intensificando a pressão sobre os estudantes e o interesse em medir a "ansiedade de teste".

A evolução dos tratamentos reflete a nossa crescente compreensão da ansiedade. Inicialmente, as abordagens centravam-se em conselhos aos pais e apoio simples. Mais tarde, surgiram terapias mais estruturadas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), e, em casos mais graves, a utilização de medicamentos. A criação de serviços de saúde mental nas escolas representou um marco importante, consolidando o apoio à saúde mental como um pilar fundamental do sistema educativo.


3. O Guia dos Pais Atualmente: Ferramentas e Soluções


Neste intrincado cenário, qual o papel dos pais? Como podem ajudar os seus filhos a navegar a ansiedade de setembro?


O Papel dos Pais: Gerir a Própria Ansiedade para Transmitir Segurança


É fundamental reconhecer que é normal sentir ansiedade. No entanto, é crucial não permitir que essa ansiedade se propague aos filhos. As crianças são extremamente sensíveis às emoções dos pais, captando a sua tensão e apreensão. Cuidar de si, praticar técnicas de relaxamento e demonstrar calma e confiança são passos essenciais.


Validar Emoções: A Importância de Conversar e Criar Rituais


  • A escuta ativa é ouro: Dedique tempo para ouvir os medos e preocupações do seu filho, sem os minimizar ou desvalorizar. Valide os seus sentimentos, dizendo algo como "Eu percebo que isto é difícil para ti" e incentive-o a expressar o que sente.
  • Crie rituais de despedida curtos e confiantes: Estabeleça uma rotina de despedida rápida e reconfortante, garantindo que cumpre sempre a sua promessa de voltar após a escola. Evite desaparecer sem dizer adeus, pois isso pode aumentar a ansiedade da criança.
  • Rotinas Mágicas: Comece a ajustar os horários de sono e refeições com antecedência, idealmente algumas semanas antes do início das aulas. Um cérebro descansado e bem alimentado é um cérebro mais resiliente.
  • Visitas de Reconhecimento: Se possível, visite a nova escola com o seu filho, apresente-o ao professor e mostre-lhe as instalações. Familiarizar-se com o ambiente reduz o desconhecido e, consequentemente, o medo.
  • Pequenos Heróis: Incentive a autonomia do seu filho, atribuindo-lhe pequenas responsabilidades e tarefas adequadas à sua idade. Reforce a sua autoestima, relembrando-o de desafios que superou no passado.
  • Habilidades de Coping para a Vida: Ensine técnicas de relaxamento, como a respiração profunda, e ajude o seu filho a resolver problemas de forma construtiva, em vez de simplesmente dizer "não te preocupes".
  • Atenção aos Sinais de Alerta: Se a ansiedade persistir por mais de algumas semanas, se intensificar ou interferir na vida diária da criança, procure ajuda profissional. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem eficaz e amplamente recomendada.


Apoio Suave da Natureza: Homeopatia e Florais de Bach para a Coragem


Para aqueles que procuram uma abordagem mais suave e holística, a homeopatia e os florais de Bach podem ser aliados valiosos. Estas terapias complementares visam equilibrar as emoções, promovendo o bem-estar geral, sem os efeitos secundários indesejados que tantos pais temem.


  • Homeopatia: O Poder do Equilíbrio Interno: A homeopatia oferece soluções individualizadas, adaptadas às características e sintomas específicos de cada criança.
  • Pulsatilla para os "Apegadinhos": Indicada para crianças sensíveis, que choram com facilidade, que se agarram aos pais e que se sentem melhor ao ar livre. Auxilia na ansiedade de separação e na adaptação à escola.
  • Gelsemium para a "Tremedeira do Antecipado": Recomendada para crianças que sentem um frio na barriga antes de eventos importantes (o primeiro dia de aulas, um teste), que experimentam fraqueza, tremores ou "branco" na mente.
  • Florais de Bach: Gotas de Serenidade para a Alma: Os florais de Bach atuam a um nível emocional, ajudando a equilibrar as emoções e a promover a serenidade.
  • Mimulus para os "Medos Conhecidos": Se o seu filho tem medo de coisas específicas (da escola, de fazer amigos, do escuro, de animais), o Mimulus pode dar-lhe a coragem para enfrentar esses desafios.
  • Outros amigos florais: O Walnut auxilia na adaptação a mudanças, e o Chicory pode ser um aliado para o apego excessivo.


A segurança e a ausência de efeitos secundários significativos tornam estas terapias particularmente atrativas para as crianças, que, pela sua maior sensibilidade emocional, tendem a responder bem aos seus efeitos subtis.


4. O Terreno Escorregadio: Controvérsias e Mitos


É importante abordar algumas controvérsias e mitos associados à ansiedade infantil e às terapias complementares.


Diagnóstico de Ansiedade Infantil: Estamos a Exagerar?


É crucial reconhecer a linha ténue que separa a ansiedade normal, uma resposta adaptativa que nos protege, de um transtorno de ansiedade. As crianças, muitas vezes, expressam a sua ansiedade através de queixas físicas, o que pode dificultar o diagnóstico. O aumento das taxas de ansiedade infantil, com o Brasil a figurar entre os países com maior prevalência, levanta questões sobre a possibilidade de "superdiagnóstico". Um diagnóstico desnecessário pode levar à medicalização excessiva, com os consequentes efeitos secundários, e pode fazer com que a criança se sinta "permanentemente doente", desviando recursos de quem realmente precisa. A pressão das escolas para obter diagnósticos que permitam aceder a recursos adicionais também é uma preocupação.


Homeopatia e Florais de Bach: O Debate Científico


A eficácia da homeopatia e dos florais de Bach é um tema de debate aceso. A principal crítica reside na falta de estudos científicos robustos que comprovem a sua eficácia para além do efeito placebo. A questão das altas diluições dos medicamentos homeopáticos, que levam muitos a questionar se "é só água?", é frequentemente levantada. É fundamental salientar que estas terapias devem ser encaradas como complementares, e não substitutas de tratamentos médicos comprovados para doenças graves. Apesar de serem reconhecidas em alguns sistemas de saúde, como o SUS no Brasil e pela OMS, a sua utilização deve ser ponderada e informada. É importante reconhecer o potencial do efeito placebo, que, segundo muitos estudos, contribui significativamente para os resultados positivos observados.


5. O Futuro da Calma: O Que Vem Aí para as Crianças Ansiosas


O futuro reserva abordagens inovadoras e promissoras para o tratamento da ansiedade infantil.


  • A Revolução da Confiança Interior: A investigação aponta para um foco crescente no desenvolvimento da autoconfiança e da "agência" nas crianças, capacitando-as a lidar com os desafios de forma autónoma.
  • Mais Quebra-Gelos e Orientações: As escolas implementarão programas de transição mais estruturados, com visitas guiadas, encontros com professores e horários visuais, para "desmistificar" o novo ambiente escolar.
  • A Natureza como Terapia: As intervenções baseadas na natureza, como aulas ao ar livre e "terapia da floresta", ganharão maior destaque, aproveitando o poder da natureza para acalmar a mente e o corpo.
  • Escolas Mindful e Pais Treinados: A meditação, o yoga e as técnicas de relaxamento serão integradas nas escolas, e os pais receberão ferramentas para ajudar os seus filhos a gerir a ansiedade de forma eficaz, em vez de a acomodar em excesso.
  • Acesso Ampliado e Deteção Precoce: Serão realizados esforços para garantir que mais crianças tenham acesso a terapias eficazes, como a TCC, através de rastreios de ansiedade mais regulares e precoces.
  • Olhar Personalizado: Será dada especial atenção às crianças neurodivergentes, com apoios mais adaptados às suas necessidades específicas durante as transições escolares.


Conclusão: Um Regresso às Aulas com Mais Leveza e Crescimento


A ansiedade no regresso às aulas é uma reação natural à mudança, mas não precisa de ser um obstáculo insuperável. Com preparação, diálogo aberto, um ambiente de apoio em casa e na escola e, se fizer sentido para a sua família, o suporte suave da homeopatia e dos florais de Bach, podemos transformar este período num momento de crescimento e felicidade para todos. Lembre-se: o mais importante é que o seu filho se sinta seguro, compreendido e confiante para abraçar o novo ciclo escolar.


Pronto para transformar a ansiedade em serenidade?


Se sente que o seu filho (ou você!) precisa de um apoio extra para viver este regresso às aulas com mais tranquilidade, agende uma consulta. Juntos, podemos encontrar a fórmula homeopática ou floral ideal para a sua família.

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